Obscenidades

Um dia eu estava na esquina da Av. Goiás com a Av. Independência, parada no sinaleiro e vi um cara fazendo aquele gesto obsceno com o dedo médio, mostrando-o para o céu. Meu olhar curioso começou a procurar quem aquele sujeito tentava insultar. E encontrei. Havia uma discreta câmera de monitoramento acima do semáforo e certamente aquele sujeito tentava insultar a pessoa que porventura estivesse vendo aquilo ali. O homem seguiu, atravessou a rua e entrou numa loja. Fiquei com vontade de conversar com ele. Queria saber o que se passava na cabeça dele ao tomar aquela atitude. Seria um gesto de protesto? Ou a pura vontade de atazanar a vida de alguém. Insultar por insultar. Ou seria uma forma de dizer “Quero que vocês que estão aí me bisbilhotando que se danem! Se eu quisesse ser filmado teria me inscrito no BBB!”. Juro que até hoje essa cena não me sai da cabeça. Eu devia ter descido e ido atrás do homem.

Esse episódio me fez recordar um dia no atendimento ao trabalhador no banco e aconteceu o seguinte:

-Bom dia! Pois não?

-Olha meu PIS aí pra mim.

-Sua identidade, por favor, senhor.

-Pra que você ta querendo minha identidade? Eu não sou bandido, não! A polícia e o governo tinha de pegar era esses ladrão que tão solto por aí! Porque eu não devo nada pra ninguém! Eu sou é rico! Sou adevogado! Tenho três casa alugada e um ponto de comércio na Av. Anhanguera! Num vô dá minha identidade pra ninguém, não! E eu quero é que se foda a Caixa, que se foda a Polícia, que se foda o Brasil!

Nem preciso dizer que no final da fala o homem já estava gritando para todo o banco ouvir. Mas preciso dizer que ele fazia o tal gesto obsceno com o dedo para a câmera do banco nas suas três últimas falas. E todos os demais clientes olhavam para ele, e consequentemente, para mim, se perguntando o que a atendente teria falado para aquele homem para ele ter aquele comportamento.

Quer ouvir outra história de banco?

Essa é de quando eu quase fui morta com uma faca de pão.

Eram sete e meia da manhã quando cheguei ao banco. Cumprimentei a D. Ana que estava varrendo a calçada e ia adentrando no recinto quando vi uma senhora que tentava insistentemente abrir a porta e não estava conseguindo. Então, coloquei a mão na frente dela para girar a maçaneta e a mulher me atacou puxando os meus cabelos e gritando que eu não passaria na frente dela na fila! (A essa hora não tinha fila no banco. Ele só abriria às 10h.) A minha sorte foi que a D. Ana interveio ameaçando-a com o cabo da vassoura. Ela me arranhou os braços e puxou meus cabelos com tanta força que fiquei com dor de cabeça boa parte do dia! Até hoje me lembro da Santa D. Ana gritando “Larga ela! Larga ela, se não eu te bato!”. E a mulher rebatendo “Eu vou te mataaaar, sua cachorra! Querendo furar fiiiilaa!”

Quando entramos no banco e contamos o acontecido para os colegas disseram que eu deveria ter batido nela. Mas sou incapaz de bater até num bicho de pelúcia!

Quando o banco abriu, ela voltou. Ao passar pela porta giratória... biiiip! De novo. Biiiip! O vigilante, que tinha ouvido a narrativa do incidente mais cedo, pediu que ela abrisse a bolsa e surpresa: uma enorme faca de cortar pão! Ele tomou a faca e mandou que a mulher fosse embora. Ela frisou que precisava me matar e que voltaria depois. Não voltou.

Comentários

  1. Maísa Borba09/06/2011, 14:26

    Credu Aninha nao sabia desse episodio![
    Mas nao tem outro jeito se nao convivermos com as adversidades dos seres humanos so nos restara os animais e eu e nem voce fizemos veterinaria ne? hahah

    ResponderExcluir
  2. Não ainda, Isa. Mas lembra quando tinha "dentista prático"? Então, vamos aprendendo na tóra!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Biotônico Fontoura

Errando que se aprende

Homens de All Star