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Mostrando postagens de janeiro, 2012

Coisas de mãe

Não é a primeira vez que recorro aos Poupançudos nesse blog. São criaturinhas feias e desengonçadas, mas que caíram no gosto das crianças (e também de alguns adultos). E eu, na função de caixa, sinto-me como alguém que possibilita às pessoas terem um desses monstrinhos marketeiros . A cada depósito de R$ 200,00 por dia, ganha-se um. É minha obrigação também ajudar a "fiscalizar" para que os brindezinhos horrendos não sejam todos levados de uma vez. -Quero fazer cinco depósitos de R$ 200, 00 nessa conta. -É pra ganhar Poupançudo , senhor? -É. -Não pode. -Não pode, por quê? -Porque são as regras da promoção, senhor. Eu não posso permitir que o senhor leve cinco Poupançudos de uma vez. Com isso estaríamos deixando de prestigiar outros quatro clientes, por exemplo. Mas confesso que eu mesma já quebrei a regra uma vez. Era uma senhora simples, que falou comigo em tom humilde a seguinte conversa: -Moça, meu filho tá colecionando os Poupançudos e só falta um. Só que eu não

O aprendizado, segundo Willian

Todo mundo tem coisas de estimação. Aquilo que guarda e não abre mão de jeito nenhum. Eu tenho um texto de estimação. É praticamente um mantra. E toda vez que o leio descubro algo diferente que me toca lá no fundo da alma. Compartilhá-lo-ei com vocês: " Depois de algum tempo, você aprende a diferença, a sutil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança. E começa a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas. E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança. E aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão. Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo. E aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas

O leão

Um leão em sua jaula. Minha uma ova! Na jaula onde me colocaram, porque meu mesmo é todo aquele espaço da savana africana. Ali é o meu império. É ali que me sinto a vontade. Fizeram a jaula para me dominar, prender meus sonhos de correr pelos campos, tolher-me em cada gesto, em cada atitude. Meu amo faz aquele tenebroso barulho com o - também tenebroso - chicote. Shhiiitaaac! Shhhiiitaaac! Ai, como eu gostaria de ouvir apenas o barulho da palhada secando e se contorcento sob o sol tórrido da terra dos meus antepassados. Este senhor de roupa preta e cartola me faz parecer patético. Subo e desço de banquinhos, passo por entre argolas de fogo, rujo sem estar com vontade... Não gosto disso. [suspiro] Esse humanos incovenientes me olham como se eu fosse muito assustador, como se representasse algum perigo, como se não fosse apenas esse leão velho e decadente de circo que sou e que a qualquer momento será executado pelos seus donos. É isso. Leão velho e decadente de circo... é o que sou.

Cuidado com o mau humor alheio

Eu não entendo como as pessoas se acham no direito de estar na minha pele e ditar meu modo de agir. Como diz a célebre frase do autor desconhecido "Deus deu a vida para todo mundo, cada um que cuide da sua." Me bateu essa indignação por vários motivos que não relatarei aqui por julgá-los pessoais demais para um blog, mas um eu posso citar. Lá estava eu, trabalhando obrigatoriamente como reza o meu contrato de trabalho, com a cara mais amarrada possível (não por querer, mas meus problemas não permitiam que eu me portasse de outra forma - ainda não sei fingir tão bem). Chega um cliente no meu guichê, um senhor bonachão de uns 70 anos, gordo, vermelho e sorridente. -Você tá com dor de cabeça? Fingi que não era comigo e continuei atendendo a demanda dele (meu serviço é técnico, com raras pitadas de relacionamento com o cliente. Resume-se 80% autenticar documentos com velocidade e atenção e 20% atender, dos quais apenas 0,3% devo ser agradável e sorridente, ou seja, um valor ínfim