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Saraiva

Na loja de calçados: -Boa noite. Posso ajudar? -Sim. Eu quero um sapatênis desse aqui, nº42. -É pra presente? -Não. É pra mim! Olha pra mim! Tenho cara de quem calça sapatênis 42? No O Boticário: -Boa noite. Eu quero uma loção pós-barba. -É pra presente? -Não. Pra mim mesmo! Tô pensando em deixar só o cavanhaque, sabe? Na lanchonete: -Bom dia. Arruma oito pães de queijo pra mim, por favor? -Vai comer aqui ou vai levar? -Vou comer aqui. Oito pães de queijo! Qualquer pessoa come oito pães de queijo sozinha no café! No rádio: -A grande maioria da população não aguenta mais tanto descaso..., diz o locutor. -E a pequena maioria, onde fica? Sim, porque existe maioria grande e maioria pequena! No trabalho: -Bom dia! Bom trabalho! -Ou é bom, ou é trabalho. Se trabalho fosse bom, não nos pagariam para fazê-lo. No restaurante, almoçando com uma amiga: -Uma porção de Ribs For Two, por favor. -É pra trazer dois pratos? -Não. Somos duas pessoas, o prato se chama Ribs FOR

Escolhas

Todos têm um talento. Alguns são entusiastas da música, outros das artes plásticas, alguns cozinham bem, outros escrevem. Bem, o meu dom é sempre fazer a escolha errada. É incrível, mas em toda oportunidade em que eu tenho uma ou mais opções, fatalmente acontece: eu escolho a errada.  Comecemos quando o dia amanhece e eu tenho de sair da cama. Como durmo sozinha numa cama de casal, posso me orgulhar em dizer que os dois lados da cama são meus. Como não tenho uma rotina, tem dia que me levanto pelo lado direito da cama, tem dia, pelo lado esquerdo. Mas essa escolha, ainda inebriada pelo sono matutino de quem levanta às 5h50, vem sempre acompanhada da variável o lado que o chinelo está. Obviamente, se meu chinelo estiver do lado direito da cama, involuntariamente escolherei acordar pelo lado esquerdo. Também tenho problemas quando vou escolher a roupa para vestir. Quando está chovendo, pego uma rasteirinha. Quando está calor, uma blusa de manga comprida. Quando está frio, saio d

A redenção do álcool

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-Oi, sumida! Tudo jóia? -Tudo. E você? -É impressão minha ou você engordou um pouquinho? -Sim, engordei uns seis quilos. Esse diálogo foi travado entre mim e o marido de uma amiga. Para a maioria das mulheres seria motivo de ódio e tristeza alternadamente, mas para mim, essa situação - que é relativamente nova - não me incomoda (muito). Na verdade, não me incomodaria nada se a gordura recém-adquirida não se concentrasse toda na barriga. Até que uns seis quilinhos me fariam bem, se quatro deles não fossem responsáveis por aumentar meu trem de pouso abdominal substancialmente. Sim, por que eu não tenho pneuzinho, eu tenho o Boneco Michelin habitando dentro de mim e não há regime exorcista que o tire! Deixemos essa nova condição obesa para lá e voltemos ao assunto que eu queria falar de verdade. O mercado precisa vender seus produtos, certo? E para isso, ele lança mão de diversos artifícios do mais apurado marketing para nos convencer de que precisamos mais do que tudo da

Por favor, não enfie a mão no saco!

Não gosto de reclamar em restaurantes. Tenho sempre a impressão que alguém vai me sabotar com uma bela cusparada na minha comida. Todavia, não há trollagem maior do que aquela que a gente vê ao vivo e à cores. Eu compro pão em uma padaria cujos atendentes são muito educados e estão sempre de bom humor - talvez esse seja o motivo de eu ainda preferir comprar lá. As quitandas não guardam nada de excepcional e o preço é salgado, entretanto, o "bom dia" entusiasmado e o "tenha um excelente dia" ao sair, de certa forma me motivam. Seria corriqueira a situação se eu não travasse uma briga comigo todos os dias quando vejo o bendito homem enfiar a mão no saco! Sim! Aquele mesmo saco que em segundos abrigará meus pãezinhos franceses é primeiramente batizado com a mão do atendente que insiste em abri-lo assim antes de soltar os pães - pegos com um pegador - lá dentro. Ora! Se ele já pôs a mão lá dentro mesmo, o que o impediria de pegar meus (argh!) pães com ela també

Atrás do próprio rabo

Quem nunca se divertiu observando um cachorro girar e girar correndo atrás do próprio rabo? Pois, olha, não tem nada de divertido nisso... ao menos para o cachorro, não. Tenho me sentido meio cadela ultimamente. Saio obstinada atrás dos meus objetivos, mas não compreendo a razão, não consigo alcançá-los. Faço um esforço danado durante todo o dia, para cumprir alguns afazeres, entretanto sinto que aqueles que eu gostaria ou deveria mesmo realizar, não os realizei. A frustração vem do fato de estar sempre apagando incêndios, sem tempo para construir nada. Sem um tempo só meu, ao qual eu não tenha que, por obrigações morais, sociais ou afetivas, dedicá-los a amigos, filho, pais, parentes, namorado, colegas, peixes, coelhos, casa, carro, etc. É isso! Plantamos coisas demais e depois nos falta tempo para as colheitas que desejamos. Quero ter um quintal lindo, uma casa impecável, um filho educado, um namorado presente, meus pais próximos a mim, fazer meu trabalho corretamente, t

Antes só do que mal gramaticada

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Conversava hoje com uma amiga e trocávamos situações bizarras de redes sociais envolvendo rapazes. Uhum, rapazes, falamos, sim, sobre vocês... Às vezes, bem... mas na maioria delas, falamos mal mesmo. Nos queixamos do quanto vocês andam acomodados, de que não se fazem mais homens como antigamente e da forma como vêm tratando as mulheres. Mas esse assunto fica para outra hora. As redes sociais nos aproximam em alguns aspectos e nos distanciam em outros. Por exemplo, quando leio um erro grotesco de português dou um salto para trás - literalmente. E olha que são muito frequentes! Antigamente as pessoas se casavam sem saber como o outro escrevia. Hoje a nossa ortografia é nosso cartão de visita.  Um " o que tá fazendo de bom ", ou aquele "mim" antes do verbo, ou vírgulas engolidas - interrogações eu até relevo, pois eu mesmo engulo algumas... São coisinhas que me deixam levemente descrente em uma conversa. Mas há situações mais radicais: e ai gata vc sumiu

Idiota no trânsito (e em qualquer lugar)

Frequentemente me sinto uma idiota no trânsito . Mas hoje quero falar das vezes que passo por idiota ao volante, simplesmente por me deixar levar pelos meus impulsos. Impulsos esses que já me fizeram fazer muita besteira na vida.   (Nota mental: aprender a lidar com impulsos.) A situação que me constrange mais no trânsito é quando alguém está dirigindo pachorrentamente à minha frente, como se o dia dele tivesse mais horas que o meu, e que, em algumas situações, eu pisco o farol para ele sair da minha frente, ou acelero forte meio que para dizer "se você não tem pressa, eu tenho". Daí, acontece que ultrapasso o tal carro lerdo, olho com cara de poucos amigos para o motorista - um bossal que não está nem ligando para a opinião alheia - e sigo adiante... acelerando envenenadamente... até que... surge um semáforo fechado. Putz! O bossal em seu carro bossal para ao meu lado.  De que adiantou tanta energia gasta, tanto esbravejamento, tantos pensamentos ruins? Sou mesmo um

Ente, pra quê te quero?

Um colega meu sempre dizia que tudo que termina em ente é ruim ou dá trabalho. Aí começava: gerente, cliente, parente... Entusiasmada com o seu bom humor, eu continuava a lista: paciente, demente, dor de dente, serpente, reincidente, absorvente, doente, cadente, oponente... Sabemos que há inúmeras palavras que caracterizariam essa regra. Todavia, hoje vim falar de uma em especial: crente. Perdoem-me meus amigos evangélicos, vocês sabem que eu os amo demais, mas há uns tipos de crente que têm o dom. O dom de ser inconveniente. É preciso falar de Jesus? Sim, é! Ele está voltando? Sim, está! Só que eu peço uma coisa, uma coisinha só, bem pititiquinha... Não me evangelize domingo à tarde depois do almoço. (suspiro) Domingo é aquele dia preguiçoso, né? Em que deixamos o ócio tomar conta de nós. Ao menos, eu não me sinto obrigada a ser produtiva no domingo. Pois bem. Meu filho e eu saímos para almoçar. Comi como uma clériga, tomei minha cervejinha, um docinho pra rebater e zarpamos