A redenção do álcool

-Oi, sumida! Tudo jóia?
-Tudo. E você?
-É impressão minha ou você engordou um pouquinho?
-Sim, engordei uns seis quilos.


Esse diálogo foi travado entre mim e o marido de uma amiga. Para a maioria das mulheres seria motivo de ódio e tristeza alternadamente, mas para mim, essa situação - que é relativamente nova - não me incomoda (muito). Na verdade, não me incomodaria nada se a gordura recém-adquirida não se concentrasse toda na barriga. Até que uns seis quilinhos me fariam bem, se quatro deles não fossem responsáveis por aumentar meu trem de pouso abdominal substancialmente. Sim, por que eu não tenho pneuzinho, eu tenho o Boneco Michelin habitando dentro de mim e não há regime exorcista que o tire!


Deixemos essa nova condição obesa para lá e voltemos ao assunto que eu queria falar de verdade. O mercado precisa vender seus produtos, certo? E para isso, ele lança mão de diversos artifícios do mais apurado marketing para nos convencer de que precisamos mais do que tudo daquilo que estão nos vendendo. Nos deixam sem saber como nossos antepassados sobreviveram sem aquilo e não nos permitem imaginar como será nossa vida de agora em diante sem o tal produto. Marketing é fabuloso! Nessa onda, gostaria de chamar a atenção para duas coisas antagônicas que o marketing conseguiu unir: esporte e cerveja.

Ano que vem teremos Olimpíadas (desastrosa como a Copa? Não sei.) no Brasil. Reportagens sobre modalidades esportivas saltitam a todo instante em nossas tevês. O futebol já não é tanto o centro das atenções. Mas o nosso país adora uma cerveja! E a nossa cervejinha vai bem com uma picanha, com uma feijoada, petisquinhos, assistindo a uma partida de futebol e tudo isso que já estamos habituados a ver nos comerciais. Bota uma mulher pelada no meio, então, que fica tudo certo. Pois bem, esse é o quadro: homem barrigudinho, tomando cerveja, comendo, assistindo futebol, passa uma gostosa e ele faz piadinha... pode botar uma praia no meio pra dar um efeito e voilá! Está pronta nossa cultura!

Só que a Skol teve uma ousadia, nos convenceu que atletas (mesmo que ocasionais) podem, sim, consumir cerveja e continuar esbeltos. A Skol Ultra possui 25% a menos de caloria que as demais cervejas pilsen. E, pasmem, menos da metade que kcal que a Caracu. Agora, senhores e senhoras, eu posso continuar tomando cerveja sem culpa, mesmo depois de correr ou pedalar quilômetros. Meus pecados foram perdoados. Cerveja não é mais sinônimo de pessoas desleixadas, que não estão nem aí para o físico. Cerveja é saúde, minha gente! 

Assim, retomo ao marido da minha amiga. Se estou assim hoje, com seis quilos a mais, é que me faltava uma cerveja de baixa caloria na minha vida, igual à Skol Ultra que tivesse tudo a ver com prática esportiva. Hoje mesmo sucumbi à indução marketeira e comprei a minha primeira Skol Ultra. A contragosto permaneci inerte na cama assistindo seriado, porque o que eu queria mesmo era sair dali e pular corda ou pedalar até o suor escorrer. Iiiiissssaaaa!!!


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