Por favor, não enfie a mão no saco!

Não gosto de reclamar em restaurantes. Tenho sempre a impressão que alguém vai me sabotar com uma bela cusparada na minha comida. Todavia, não há trollagem maior do que aquela que a gente vê ao vivo e à cores.

Eu compro pão em uma padaria cujos atendentes são muito educados e estão sempre de bom humor - talvez esse seja o motivo de eu ainda preferir comprar lá. As quitandas não guardam nada de excepcional e o preço é salgado, entretanto, o "bom dia" entusiasmado e o "tenha um excelente dia" ao sair, de certa forma me motivam. Seria corriqueira a situação se eu não travasse uma briga comigo todos os dias quando vejo o bendito homem enfiar a mão no saco! Sim! Aquele mesmo saco que em segundos abrigará meus pãezinhos franceses é primeiramente batizado com a mão do atendente que insiste em abri-lo assim antes de soltar os pães - pegos com um pegador - lá dentro.

Ora! Se ele já pôs a mão lá dentro mesmo, o que o impediria de pegar meus (argh!) pães com ela também? Para que a formalidade de um pegador? Seria como dizer que alguém que já deu o cu ainda é virgem! Perdoe-me a apelação, mas daí você tira uma base dos meus pensamentos e do meu olhar enquanto o atendente separa meu café da manhã.

Claro que já pensei em falar para ele! Mas lhe juro que não sei qual abordagem tomar. Pode ser que depois de chamar-lhes a atenção para a discrepância eu não tenha mais coragem de comprar lá. Então, não terei mais meus "bons dias", cada vez mais raros no comércio.

Lembro-me uma vez, quando fui a um pit-dog e o rapaz abriu o saquinho com a mão antes de montar meu sanduíche. Ao ver aquilo, pedi que ele pegasse outro saquinho e o abrisse com o pegador. O menino me lançou um olhar tão aborrecido e demonstrou-se tão aperreado de ter que abrir o negócio de forma não habitual, que fiquei com medo de consumir o tal lanche! Cuspir nele eu sei que ele não cuspiu, mas se existe mau-olhado no mundo... ai, papai!

Bem, mas voltando à padaria do meu bairro. Convido você, amigo leitor, a fazer um passeio descompromissado comigo até a minha panificadora e conferir com seus próprios olhos a cena. Talvez você saiba me dizer de que forma eu devo dizer a ele para não enfiar a mão no saco. Entretanto, tenho medo que depois disso, meu carismático atendente comece a abrir o saquinho de papel com um belo e forte sopro.

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