Óculos pra que te quero?

Perdi meus óculos.
Para quem usa óculos sabe a tragédia que isso representa. Primeiro, um ultraje moral, porque é lamentável se precisar de uma ferramenta para suprir aquilo que naturalmente o seu corpo já não faz mais. Solidarizo-me com os usuários de muletas, bengalas, aparelhos auditivos e outros. A nossa completude está associada a um objeto e isso é triste. O outro lado é o fático: eu não enxergo sem óculos. Sim, sim, são apenas dois graus de miopia, mas para mim representa muito! Sair sem óculos? Nem pensar! Já tenho fama de metida enxergando as pessoas, se não vê-las então, tô lascada! Sem falar da agonia de ver tudo embaçado, desfocado, tremido, borrado... como preferir. 
Comecei a escrever esse post por uma situação engraçada: coloquei meu óculos em algum lugar, mas não me lembro onde. Não enxergo de longe o suficiente para ver se está em cima da cama, ou da pia, ou do sofá e, portanto, saio tateando os móveis. Que tristeza, meu Deus! Uma jovem de 28 anos tateando móveis... Fazer o quê? Sentar na frente do computador e começar a escrever até se recordar de onde o colocou. Nem preciso dizer que não deu certo. Pois do momento em que comecei a escrever até agora nenhuma lembrança me veio à mente.
Seria cômico se ele estivesse no meu cabelo, mas já verifiquei... Não foi dessa vez que fiz papel de louca de novo! Sim, sim! Inúmeras vezes procurei o óculos bem acima da minha cabeça, pendurado na blusa, enfim... Também já entrei para o chuveiro com ele. Já o deixei cair enquanto andava e o chutei sem querer. Dormi em cima. 
Não acho óculos charmoso. Há quem goste de usá-lo, mas para mim é um estorvo. Os modelos retrô também não me apetecem. Como não gosto, obviamente prefiro os mais discretos. Agora, imagine, como pode uma pessoa que não tem a menor afeição por um objeto ser tão dependente dele? Reitero o que disse no começo, isso é ultrajante.
Bem, o desabafo está ótimo, mas eu preciso ir andando. Como não me lembrei onde o coloquei, vou ali tatear mais algumas coisas... quem sabe.

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