Papel de presente ou papelão?
Conversando com um amigo, ele brincou: -Gostaria de ser um papel de presente, assim todos olhariam para mim e ficariam felizes. Eu sou uma caixa de papelão que as pessoas querem logo abrir pra ver o que tem dentro, ou querem me usar para carregar coisas, uns me jogam fora, outros me catam na rua para revender. A interessante metáfora do meu amigo me fez refletir um pouco. Somos papel de presente ou uma caixa de papelão? Vou limitar a minha interpretação à canção do O Teatro Mágico, que expressou lindamente esse sentimento em "Cidadão de Papelão". O cara que catava papelão pediu Um pingado quente, em maus lençóis, nem voz Nem terno, nem tampouco ternura À margem de toda rua, sem identificação, sei não Um homem de pedra, de pó, de pé no chão De pé na cova, sem vocação, sem convicção À margem de toda candura À margem de toda candura À margem de toda candura Um cara, um papo, um sopapo, um papelão Cria a dor, cria e atura Cria a dor, cri...